
As coisas não andam fáceis para a maioria dos fabricantes de automóveis no Brasil. Para a francesa Peugeot, os resultados da crise nas vendas têm sido particularmente cruéis. Em 2008, tinha 3,09% de participação nas vendas totais de automóveis de passeio e era a sétima marca que mais vendia no país. Sete anos depois, a marca do leão detém em 2015 algo perto de 1,1% de “share” e disputa o 12º posto no ranking de maiores vendedores no mercado local. Para reverter essa tendência, a Peugeot planeja implantar no Brasil a atual estratégia global do grupo PSA Peugeot Citroën – que inclui as marcas Citroën e DS. Segundo o planejamento da multinacional francesa, a DS concorre no segmento de luxo, a Citroën disputa com as marcas generalistas e a Peugeot passa a priorizar o consumidor que busca um nível de sofisticação superior ao encontrado nas marcas generalistas. E o lançamento no Brasil do “facelift” do médio 308 já segue essas novas diretrizes – apresentadas por aqui junto com o crossover compacto 2008, em abril desse ano.
A segunda geração do 308, que já é vendida na Europa desde o início de 2014, será importada da França em 2016 para se tornar a futura versão de topo de linha da Peugeot no segmento de hatches médios. Mas a marca acredita que o 308 de primeira geração, que continua a ser produzido na Argentina e que abastece o mercado brasileiro desde o início de 2012, ainda tenha fôlego para competir no Mercosul – e que esse fôlego será revigorado com a atual reestilização. Por isso, o novo visual do modelo fabricado na cidade argentina de Palomar foi apresentado durante o último Salão de Buenos Aires, em junho. Os retoques estéticos visaram deixar o hatch visualmente alinhado ao atual “family face” da Peugeot – apresentado no conceito Onyx, no Salão de Paris de 2012.
Em relação ao 308 anterior, a alteração mais marcante fica na parte frontal. O leão sai do capô e volta para a grade. Os faróis, agora com máscara negra, tiveram o interior retrabalhado. O novo para-choque possui na área inferior uma grade em acabamento preto, que atravessa todo o veículo e abriga as luzes diurnas em leds e os faróis de neblina. Na traseira, as lanternas mantém o mesmo formato, mas os elementos internos foram redesenhados e agora exibem três listras – que, segundo o marketing da Peugeot, “remetem às garras do leão”.
“A meta é entregar modelos de qualidade superior, mesmo que custem mais caro que os concorrentes”, explica Ana Thereza Borsari, presidente da Peugeot do Brasil. Assim, a marca não planeja oferecer versões “de entrada”, mais baratas e despojadas, em nenhum de seus modelos. Quer concorrer apenas entre as versões intermediárias e “tops” nos segmentos onde atua. A linha 308 começa na versão Allure 1.6 manual, que já vem com uma lista de equipamentos de série bem completa: teto panorâmico, ar-condicionado bi-zone, nova central multimídia com Mirror Link e Link MyPeugeot, alarme, sensor de estacionamento, seis airbags, regulador e limitador de velocidade, luzes diurnas em leds e detalhes de revestimento em black piano, entre outros. Vem com o motor 1.6L 16V FlexStart, de classificação “A” no programa de etiquetagem do InMetro. Desenvolve 122 cv de potência a 5.800 rpm quando abastecido com etanol, e torque máximo de 16,4 kgfm a 4.000 rpm. É acoplado a uma caixa manual de cinco velocidades com sistema GSI (Gear Shift Indicator), que indica no painel de instrumentos a marcha mais adequada. Sem opcionais, o Peugeot 308 Allure manual custa R$ 69.990.
Já na Allure Automática, o motor é um 2.0 litros 16V VVT Flex, com potência máxima de 151 cv a 6 mil rotações, quando abastecido com etanol. O torque máximo alcança 22 kgfm a 4 mil rpm, também com etanol. Esse conjunto é associado à caixa automática de seis velocidades AT6II, de segunda geração. Essa versão começa em R$ 75.900.
Na versão Griffe, o 308 traz o motor turbo THP Flex de 173 CV, um bicombustível de injeção direta com turbocompressor. A potência máxima é de 173 cv a 6 mil rpm quando abastecido com etanol. O torque máximo, de 24,5 kgfm, já aparece a 1.400 rpm, permanecendo constante até 4 mil rpm. Associada ao motor está a nova transmissão automática EAT6 com função “Eco”, que prioriza a economia no consumo de combustível. Na Griffe, a câmara de ré e o sensor de estacionamento dianteiro também são de série. O preço do 308 “top” parte de R$ 82.900.
Disposto a encarar a briga com Ford Focus, Hyundai i30, Volkswagen Golf e Chevrolet Cruze Sport6, o 308 de cara nova chega aos revendedores brasileiros da Peugeot ainda este mês. A marca espera vender por aqui entre 250 e 300 unidades mensais.
por Luiz Humberto Monteiro Pereira
Auto Press