Londres/Inglaterra – Motocicleta é um ótimo meio de transporte. Mas para isto, basta uma 125. Já as motocicletas maiores são dirigidas para um consumo mais refinado. O comprador não deseja apenas um modelo de visual atraente, quer também se identificar com o conceito da moto, seja ela estradeira, esportiva ou trilheira. Os modelos retrô também se prestam a esta função aspiracional. O consumidor, no caso, busca nas clássicas a sofisticação estética e a ideia de despojamento, numa linha mais essencialista. Mas é apenas um conceito, um movimento de moda. Na prática, ele busca o mesmo arsenal tecnológico que equipa as motocicletas mais modernas. Só não quer que isso seja descarado. É o que a Triumph está definindo como “clássico moderno”, mote da campanha de apresentação da nova linha Bonneville, a família retrô da marca inglesa.
A marca já tinha três modelos do gênero: a própria Bonneville, a Truxton e a Scrambler – esta última não chegou a ser trazida para o Brasil. A primeira renasceu em 2001 como releitura do modelo clássico que bateu recorde de velocidade em 1956 no Deserto de Bonneville, no estado norte-americano de Utah. A Truxton era uma versão da Bonneville criada em 1960 em função do sucesso da marca nas corridas e virou referência para o gênero Cafe Racer. Na atual modernização, o nome Bonneville passa a batizar toda a linha retrô da Triumph, que ganhou cinco novos modelos: Bonneville T120, Bonneville T120 Black, Truxton, Truxton R e a “renascida” Street Twin – nome que remete à moto criada em 1939, época em que a Triumph começou a se dedicar a criar motocicletas de maior desempenho.
Dos novos modelos, apenas a Truxton não vai ser importada quando a linha retrô desembarcar por aqui – provavelmente em maio de 2016 –, mas a Truxton R virá para fazer o papel de topo de linha. Toda a linha Bonneville utiliza um novo quadro, em berço duplo, mas o principal ganho foi mesmo na eletrônica embarcada. Como adotaram acelerador eletrônico – ride-by-wire –, foi possível implementar sistemas de auxílios dinâmicos como controles eletrônicos de estabilidade e de tração. Dependendo da posição do modelo na gama, estes sistemas ficam mais complexos, com maior capacidade de configuração. O mesmo acontece em relação aos equipamentos dos modelos. No caso da top Truxton R, ela traz freios Brembo, telescópicos dianteiros Showa, amortecedores traseiros Öhlins e pneus Pirelli Diablo Rosso Corsa.
O modelo de entrada será a nova Street Twin. Ela é a que tem o menor motor, de 900 cc. Ainda assim, é um pouco maior do que o de 865 cc que equipa as atuais Bonneville, Truxton e Scrambler. Ele tem, segundo a marca, 18% a mais de torque, com 8,16 kgfm a apenas 3.200 giros – contra 6,94 a 5.700 rpm. Embora a Triumph não confirme oficialmente, a potência do novo motor deve passar dos 75 cv – o antigo era de 68 cv. Como a Street Twin será o modelo de entrada, seu preço deve ficar próximo ao pedido pela atual Bonneville T100, que custa R$ 32.490. A marca inglesa ressalva, no entanto, que a atual instabilidade do dólar impede que seja feita uma previsão mais confiável. Mas a intenção é que a linha toda fique abaixo de R$ 45 mil.
As duas versões da Bonneville cumprirão a função de modelos intermediários da linha, com a T120 um pouco mais em conta que a “malvada” T120 Black. Em relação à atual Bonneville T100, o ganho no motor foi substancial. Nem a potência nem o tamanho exato do motor “1.200” foram divulgados pela fabricante, mas o torque sim: 10,7 kgfm a 3.100 giros, 54% a mais que a antecessora. Na Truxton R, este mesmo propulsor gera 6% a mais de torque e chega a 11,4 kgfm a 4.950 rpm. As potências estimadas para os modelos são, respectivamente, de 100 cv e 115 cv.
por Eduardo Rocha
Auto Press
