Governo do Estado tenta ‘tomar’ caso de advogada da família de pedreiro morto na Vila Kennedy

Representantes da Secretaria Estadual de Vitimização chegaram no IML de São Cristóvão pedindo que a defesa dos irmãos de José Baía abandonasse o caso, segundo familiares

         Duas advogadas da Secretaria Estadual de Vitimização procuraram a família do pedreiro José Pio Baía Júnior, no final da manhã desta quarta-feira, no Instituto Médico Legal (IML) de São Cristóvão, e foram recebidas com surpresa pelos irmãos dele e pela advogada da família, Paula Lindo. Os parentes do homem – que foi morto durante uma operação da Polícia Militar na comunidade da Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, na terça-feira – contaram que não esperavam a chegada das representantes do governo do Estado e a situação gerou um conflito entre elas e Paula, devido ao pedido para que ela abandonasse a defesa da família de José.

A dupla de juristas da secretaria chegou no IML, por volta das 11h30, procurando por Janilson Baía, que estava numa sala com policiais civis e sua advogada. Segundo Paula, uma das funcionárias do governo entrou pedindo para que ela se retirasse do caso, que a partir daquele momento, o Estado iria assessorar juridicamente a família.

A situação chegou a gerar uma breve discussão entre as advogadas e Paula Lindo afirmou que “o caso seria acompanhado por quem a família quisesse”, dizendo que as colegas não poderiam ter chegado daquela maneira.

“Elas quiseram assumir todo o processo, pedindo que eu me afastasse. Foi uma abordagem bastante infeliz, de maneira desrespeitosa. Mas, de qualquer forma, a ajuda do Estado é sempre bem-vinda”, declarou a advogada Paula Lindo.

De acordo com os parentes do pedreiro, a Secretaria de Vitimização entrou em contato com eles por telefone, durante a noite de terça-feira, mais de oito horas depois de José ter sido baleado enquanto trabalhava fazendo uma laje na comunidade. A família acredita que o tiro tenha sido disparado por PMs do 14º BPM (Bangu). Durante a ligação, o Estado perguntou se eles precisavam de assistência para o sepultamento, entretanto, o serviço já havia sido oferecido pela prefeitura de Barão de Monte Alto, em Minas Gerais. A vítima era mineira, nascida no distrito de Cachoeira Alegre.

“Quando eles me ligaram oferecendo ajuda para o enterro, eu avisei que a prefeitura da nossa cidade natal já havia nos prestado esse auxílio, custeando sepultamento e o translado do corpo. Então, a representante da secretaria de Vitimização mandou que eu enviasse uma mensagem de texto ou áudio, falando que eu não precisava da ajuda. A prefeitura da nossa cidade entrou em contato com a gente assim que soube do que aconteceu, no início da tarde”, contou Janilson.

Procurada a respeito da ida das advogadas ao IML, a assessoria de imprensa da Secretaria de Vitimização informou que estava em contato com os irmão da vítima desde o ocorrido e que o encontro foi marcado aquele horário (às 11h30) junto à família, para ajudar em relação ao translado do corpo para sua cidade natal.

No entanto, os irmãos de José negam que tenham agendado qualquer contato pessoal com representantes estaduais.
A Secretaria de Vitimização ainda complementou que oferece toda a ajuda que pode oferecer, o que inclui o acompanhamento de um advogado do Estado, e que aceitar é uma opção da família.
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