A queixa é a lei

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*Carlos B. González Pecotche

A queixa constitui, em muitos casos, o fator da desgraça. Com frequência se vê quão infundadas são as queixas que o ser humano manifesta, atribuindo sempre, desde as mais leves contrariedades até as mais intensas desditas, à injustiça. À injustiça que o liga àqueles que lhe querem mal; à injustiça de Deus, que no final das contas também lhe quer mal. Para o queixoso, todos são, portanto, seres injustos; ninguém vê nem percebe suas desventuras, razão pela qual ele se crê na obrigação de apregoá-las por toda a parte.
Como a maioria das queixas são infundadas – falamos das que o ser expressa para desafogar tudo o que lhe ocorre -, temos que tal atitude denota debilidade, impotência e falta de confiança em si mesmo.
Quem se queixa de sua sorte ou, digamos mais cabalmente, de sua situação, sem nada fazer para mudá-la – muitos creem fazê-lo ao buscar a ajuda alheia -, atrai para si o agravamento do mal, pois que, à medida que o tempo passa e a idade avança, as oportunidades são menores e as possibilidades diminuem, numa relação direta com a falta de impulso próprio para a realização de qualquer esforço tendente a melhorar a posição em que o ser se encontra.
Com frequência se observa como o ser perde uma amizade por duvidar dela injustamente. Isso ocorre, muitas vezes, porque se confunde, de forma lamentável, amizade com propriedade. E porventura já não se viu como muitos, em nome de uma amizade, pretendem fiscalizar a vida alheia, ao extremo de exigir que sejam informados de tudo o que os outros fazem ou deixam de fazer? É ao que parece, como se quisessem apropriar-se do direito que cada um tem de usar livremente, e como melhor lhe agrade, sua vida e sua vontade.
A reação não se faz esperar, e temos como no caso anterior, a lei inflexível castigando o infrator. A amizade se perde, pois em vez de cultivá-la, cuidando de não afetá-la com exigências ou exageros fora de propósito, o que se fez foi abusar dela. E eis-nos então com a queixa que, como desabafo comum, surge em quem, crendo-se com direitos de propriedade sobre a vida do amigo, se sente defraudado quando este não aceita tão errônea interpretação.
A obstinação costuma trazer desventuras, uma vez que, ao não atuar a reflexão, o ser fica a mercê de uma realidade que lhe é adversa.
A queixa surge com o fracasso; muito mais ainda quando se atribui aos demais a culpa dos próprios equívocos.
A lei é rígida, e sua sanção, justa. De nada servirá lançar culpas em todas as direções, pois quem sofrerá as consequências será aquele que anda mal com seus pensamentos e comete as inconveniências.
Os que se queixam daqueles que os servem, por exemplo, menos serão servidos, já que estes farão com que seja verdade aquilo que foi dito em depreciação de seus serviços, imaginária ou intencionalmente, pelos reclamantes. Ao contrário disso, uma palavra de estímulo aumenta a boa vontade e a dedicação dos servidos.
Será necessário convencer-se de que o queixoso é, por si, pessimista, desconfiado e defensor de ideias ridículas, tanto que chega a ser insuportável para todos os que tratam com ele.
Se tivesse de ser tirada alguma sentença moral do que foi dito, seria a nosso juízo, a seguinte:
A queixa não conduz a nada que não seja o fazer mais triste a existência.

*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br – rj-novaiguacu@logosofia.org.br

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