Condução coercitiva de Picciani divide Alerj; manifestantes festejam com bolo

Servidores fazem ato em comemoração a prisão de cinco conselheiros do TCE-RJ e a ida do presidente da Alerj para depor
Isabela Vieira/Agência Brasil

A condução coercitiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), para depor na Polícia Federal (PF) foi o tema dominante nos discursos dos deputados estaduais na sessão de ontem na assembleia.
Para a deputada Zeidan (PT), é preciso evitar a espetacularização das ações da PF e dar a Picciani o direito de primeiro se defender. “O presidente vai responder, é um período de investigação, não de condenação. Eu não defendo a condenação de ninguém aqui na Casa sem a condenação pelo Poder Judiciário. Ele foi convidado a prestar depoimento e não foi ainda julgado”, disse Zeidan.
Para o deputado Luiz Paulo (PSDB), ainda é cedo para emitir uma opinião, pois não se conhecem as circunstâncias que levaram à condução coercitiva de Picciani à PF. Porém, destacou Luiz Paulo, o fato arranha a imagem da Alerj perante a sociedade. “Todos são responsáveis pelos seus atos e por eles devem responder. Mas é claro que tudo o que aconteceu hoje é muito negativo. Tudo o que acontece com qualquer parlamentar, principalmente o presidente, afeta a imagem do Parlamento. Por isso, é necessário que se saibam as motivações, para que se tenha consciência do que de fato está acontecendo. Não há nada nesta casas que não possa vir à debate”, disseo deputado.
A assessoria da Alerj informou que Picciani não iria para a assembleia ontem, mas que, nesta quinta (30) presidirá a sessão, quando fará um pronunciamento na tribuna.
>> Manifestação – Do lado de fora da Alerj, servidores soltaram dezenas de rojões e levaram um bolo de mais de 1 metro para festejar a prisão dos cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a condução coercitiva de Picciani. O ato foi organizado pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos do Estado, que reúne vários sindicatos.
De acordo com o diretor-geral do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário (SindJustiça), Ramon Carrero, durante o governo de Sérgio Cabral, que está preso, acusado de chefiar uma quadrilha que desviou milhares de reais de obras do estado -, a omissão das instituições públicas diante da corrupção empurrou o estado para a crise. Agora, com as investigações e prisões, Carrero acredita que é possível retomar a legalidade.
“Vimos a Justiça repatriar o dinheiro desviado pela organização criminosa liderada por Sérgio Cabral, cerca de R$ 250 milhões que foi usado para pagar o 13º salário de aposentados e a agora a prisão de cinco de sete conselheiros do TCE”, destacou.
O movimento também defende o afastamento de Picciani, a abertura de processo de impeachment do governador Luiz Fernando Pezão e a revisão das contas de anos anteriores. “Os conselheiros aí não tem legitimidade, não tem moral, não tem honestidade para julgar as contas do governador, que pertence ao mesmo partido (PMDB) do líder da organização criminosa, Sérgio Cabral. Essas contas não podem ser aprovadas”.

Freixo diz que os esquemas de corrupção tinham aval do TCE

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), que esteve no protesto, afirmou que os esquemas de corrupção dos governos Cabral tinham aval do TCE e citou como exemplo os contratos de transportes, argumentando que os serviços não são compatíveis com o valor das passagens.
“Boa parte desses conselheiros são ex-deputados, chefes de gabinete de Cabral, são pessoas vinculadas ao Legislativo, que há muito tempo deixou de ser uma Casa fiscalizadora e passou a ser um espaço de negociação do próprio governo [que tem maioria]”, disse Freixo.
Conforme investigações da PF, os conselheiros são suspeitos de obter vantagens indevidas sobre o saldo excedente dos bilhetes eletrônicos de passagem, o RioCard, cujos valores são depositados pelos usuários antecipadamente, e de receber valores indevidos por autorizar o uso de recursos do tribunal para quitar contratos atrasados do governo do estado.
(Agência Brasil).

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