Relator da CPMI da JBS diz que prisão de executivos não esgotam investigações

Escolha de Carlos Marun foi articulada pelo Planalto. Governo queria que relatoria ficasse com alguém alinhado com Temer
AG Câmara

Ontem, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) afirmou que as prisões dos executivos Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS, não esgotam as investigações contra a empresa. Segundo ele, é preciso tratar o acordo de delação premiada “sem medo” na comissão.
“Temos delatores presos, procurador pedindo prisão de procurador. Não podemos fazer vistas grossas a essa situação”, afirmou Marun. “Existem atuações controversas de setores da PGR. Tem colega nosso que só de falar em procurador já tem medo. Esse não é o meu caso. Estamos aqui para avançar na verdade doa a quem doer.”
A escolha de Marun foi articulada pelo Planalto para que a relatoria ficasse com alguém alinhado ao governo. O deputado é um dos principais integrantes da chamada tropa de choque do presidente Michel Temer no Congresso.
Logo após o anúncio do nome de Marun, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) anunciou que deixaria a CPI. “Esta comissão não pode ser ajuste de contas. Isto deforma o sentido da investigação”, disse Ferraço ao justificar a saída.
“A atitude do senador Ferraço é baixa. Ele não me conhece”, disse. “É uma atitude de alguém indigno. Acaba não fazendo falta nos trabalhos da CPI”, rebateu Marun.
O relator confirmou que pretende convocar na CPI os delatores da empresa de processamento de carnes, além do ex-procurador Marcello Miller, que é suspeito de ter orientado o acordo de delação enquanto ainda atuava na Procuradoria-Geral da República.

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