Vendas de motos caem 10,6% no primeiro semestre

150710 V32O mercado de duas rodas segue em queda no Brasil, mas sofre menos em comparação aos setores de quatro ou mais rodas. Enquanto a retração geral registrada no setor automotivo nacional foi de 17,6%, ao se separar as motos, os números são um pouco menos assustadores: no acumulado entre janeiro e junho, chegou a 10,6%, de acordo com dados da Fenabrave. “O resultado reflete o ambiente negativo que o País vive, em função da crise econômica e política, que freia o consumo em geral”, avalia Paulo Takeuchi, diretor executivo de relações institucionais e comunicação da Honda South America.
Na hora de definir o principal motivo para as vendas fracas, as fabricantes e a própria Fenabrave são unânimes: falta crédito para os consumidores de modelos de baixa cilindrada. “De cada dez propostas de financiamento realizadas, apenas três são aceitas”, afirma Alarico Assumpção Jr., presidente da Fenabrave. Mas nem só da falta de crédito se queixam os executivos das marcas. “A situação econômica e política do país, agravada pelo aumento do desemprego, impacta diretamente no poder e na confiança de compra por parte do consumidor final”, avalia Sérgio Dias, diretor comercial da Dafra Motos. Márcio Hegenberg Junior, diretor comercial da Yamaha Motor do Brasil, vai além. “O impacto do câmbio tem refletido fortemente nas operações, constituindo um cenário muito difícil”, atesta.
Nem mesmo os modelos de alta cilindrada, que cresceram em vendas no primeiro semestre de 2014, escaparam da crise nos seis meses iniciais de 2015. A queda neste segmento se próxima dos 5%, valor que ainda representa metade da retração geral do segmento de duas rodas. “Somos menos afetados, mas o momento é de cautela”, pondera Flávio Villaça, gerente de Marketing, Produto e Relações Públicas da Harley-Davidson do Brasil. Mas uma categoria de motos vem ganhando mais espaço e tende a crescer anda mais no futuro: as scooters. Em comparação com os seis primeiros meses de 2014, elas passaram de 27,6% de participação para 28,6%, ganhando 1% de market share. “Esses modelos têm se mostrado uma alternativa de uso em relação ao carro para muitas pessoas”, analisa Márcio Hegenberg Junior, da Yamaha. Na Dafra, o crescimento de vendas nesta categoria de motos ultrapassou 29%. “Já víamos potencial neste mercado antes mesmo de alguns concorrentes”, lembra o diretor comercial Sérgio Dias.
A forte queda é sentida de maneiras diferentes entre as marcas. Algumas conseguem encontrar motivos para comemorar. “Nossa retração gira em torno de 4%, valor que é suportável diante da realidade do mercado”, valoriza Dennis Renner, gerente de Marketing da Traxx. Nesse cenário de crise, uma modalidade de negócio segue conquistando bons resultados para algumas fabricantes: os consórcios. Cerca de 40% dos emplacamentos realizados no primeiro semestre de 2015 foram feitos através deles. Na Honda, que domina 81% do mercado de motos do Brasil, essa modalidade representa 35% das vendas concretizadas. “Em março deste ano, atingimos o marco de 5 milhões de motocicletas entregues pelo Consórcio Nacional Honda”, frisa Paulo Takeuchi, diretor executivo de relações institucionais e comunicação da marca.
O modelo mais vendido no Brasil segue sendo a Honda CG 150, com 174.871 unidades no acumulado do primeiro semestre. Em seguida, aparecem outras duas motos da marca japonesa: a Biz e a NXR150, com 99.448 e 98.216 exemplares comercializados. Na Yamaha, o destaque fica com a YBR 125, com 19.098 emplacamentos. O modelo mais vendido da Dafra foi a Zig 50, com 2.001 unidade, enquanto a Traxx ostenta as 2.467 vendas da sua JL50. Já a Harley-Davidson com mais saída foi a XL 1200, com 531 exemplares. A perspectiva para os próximos seis meses de 2015 é de seguir no mesmo patamar que o primeiro semestre. Mas isso não afasta o interesse das marcas em continuar investindo no Brasil. “Até o final do ano, devemos inaugurar duas novas concessionárias no país”, avisa Flávio Villaça, da Harley-Davidson.
por Marcio Maio
Auto Press

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