Lava Jato: PF prende presidente da Fecomércio

Em dezembro do ano passado, Orlando Diniz foi afastado do Sesc/Senac, do Rio, pelo STJ
Reprodução da TV

A Polícia Federal prendeu na manhã de sexta-feira (23), o presidente da Fecomércio do Rio, Orlando Diniz. A ação é um desdobramento da Operação Calicute, braço da Lava Jato no Estado. Em dezembro do ano passado, Orlando Diniz foi afastado do Sesc/Senac, do Rio, pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Repasse de R$ 13.025.183,26, da Fecomércio do Rio ao escritório de advocacia da ex-primeira-dama do Estado Adriana Ancelmo já havia sido alvo da Lava Jato. Em novembro de 2016, quando o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB) foi preso, o Ministério Público Federal havia apontado um “crescimento vertiginoso” da banca.
Durante o governo Cabral, o escritório de Adriana Ancelmo recebeu R$ 35,8 milhões de 10 empresas. Uma delas, a Fecomércio do Rio.
Na época, a força-tarefa da Lava Jato chamou a atenção para “o assombroso volume de recursos que a Fecomércio – Federação das Indústrias do Comércio do Rio – passou a desembolsar para o escritório de Adriana Ancelmo principalmente em 2015 e 2016”.
>> Acusações são ‘infundadas’, diz defesa – A defesa do presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, afirmou que as acusações contra o dirigente são “infundadas”. Orlando Diniz foi preso na Operação Jabuti, desdobramento da Lava Jato. “As acusações que recaem sobre Orlando Diniz são infundadas. Ele vai esclarecer todos os pontos levantados pela PF e pelo MPF e o devido processo legal deve provar sua inocência”, afirmou a defesa em nota.
A Jabuti investiga desvio de recursos da Fecomércio, lavagem de dinheiro e pagamento de cerca de R$ 180 milhões em honorários advocatícios com verba federal. No alvo da operação está ainda a contratação de funcionários fantasmas. Uma chef de cozinha e uma governanta, segundo o Ministério Público Federal, recebiam pelo Senac e trabalhavam no interesse do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).
Segundo a defesa de Orlando Diniz, “o comando nacional da Confederação Nacional do Comércio, dirigida desde 1980 pela mesma pessoa, tem interferido indevidamente na entidade do Rio de Janeiro com a finalidade de se manter no poder”.
“As inverdades levantadas contra o grupo legitimamente eleito para dirigir a Fecomércio e o Sesc têm resultado na destruição de projetos importantes para a sociedade fluminense (como o investimento no esporte), no enfraquecimento do comércio no Estado e na desprofissionalização da Fecomércio, hoje controlada por interventores indicados politicamente”, afirma a nota. “Orlando Diniz sempre colaborou com as investigações e esteve à disposição para esclarecimentos junto às autoridades.”

Cabral será denunciado por contratações da Fecomércio

O ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (MDB), será denunciado novamente pela força-tarefa da Lava Jato do Rio por corrupção passiva, desta vez, por pedir a contratação de funcionários da Fecomércio do Rio para atender interesses pessoais. De acordo com o procurador José Augusto Vagos, foram identificados pelo menos seis funcionários contratados pela Fecomércio a pedido de Cabral para Diniz. Eles recebiam por entidades ligadas ao sistema S, como o Sesc e Senac-Rj.
Entre eles, estariam a ex-governanta de Cabral, Sonia Ferreira Baptista, uma chef de cozinha que trabalhava no Palácio Guanabara (sede do governo estadual) e a mulher e a mãe de Carlos Miranda – operador de Cabral que fechou delação premiada. “Nós contabilizamos, pelo menos, um prejuízo de cerca de R$ 8 milhões para a Fecomércio na soma destes salários. Identificamos que Cabral solicitou a Diniz a contratação dessas pessoas ligadas a ele e até de amigos de infância para atender seus interesses pessoais. Alguns deles nunca compareceram para trabalhar nessas entidades”, disse o procurador.
Em março do ano passado, a ex-governanta Sônia Ferreira Baptista admitiu que comandava 15 empregados do casal e recebia R$ 20 mil mensais, trabalhando em home office, sendo remunerada pelo Senac-RJ, onde era lotada em um cargo comissionado, mas nunca trabalhou na função. A afirmação foi feita durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
Durante a Operação Jabuti, também foi identificado que gestores da Fecomércio do Rio “estariam envolvidos em operações irregulares incluindo o desvio de recursos, lavagem de dinheiro e pagamento, com recursos da entidade, de vultosos honorários a escritórios de advocacia, somando mais de R$ 180 milhões, incluindo o da mulher de Cabral, Adriana Ancelmo. De acordo com o MPF, “Cabral emprestou sua expertise para ajudar Diniz (Fecomércio) a lavar dinheiro”.

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