Acusado diz que a motorista quis ser enforcada durante ato sexual

Edvaldo Felix Duarte dos Santos, de 34 anos, suspeito de ter estuprado, asfixiado e matado a motorista de Uber Katia Valéria Nunes Bastos, de 47, afirmou, em depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que já conhecia a vítima e que manteve relação sexual com ela, por vontade dos dois.
Edvaldo afirmou ainda que Katia teria pedido para ser estrangulada durante o ato sexual – que seria uma forma de apimentar a relação. A polícia, no entanto, não acreditou na versão dada por Edvaldo e ele foi autuado em flagrante por homicídio qualificado.
O corpo de Katia foi encontrado na noite dessa segunda-feira dentro de seu carro, um Gol preto, às margens da Rodovia Washington Luiz, na pista sentido Petrópolis, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A vítima tinha sinais de agressão no rosto e foi estrangulada. O corpo estava no banco de trás do veículo e Edvaldo, no banco da frente, quando foi flagrado por policiais que faziam patrulhamento na rodovia e acreditaram se tratar de um acidente. Porém, ao se aproximarem do veículo viram o corpo de Katia.
No momento do crime, na noite dessa segunda, Katia estava trabalhando. Edvaldo alegou à polícia que teria solicitado um veículo no Uber e a vítima foi a motorista designada para atendê-lo. A DHBF ainda apura se o suspeito solicitou a corrida pelo aplicativo como alega. A polícia acredita que o suspeito não tenha agido sozinho e investiga a participação de outras pessoas no crime.
O acusado já tina passagem pela polícia. Em março passado, Edvaldo foi acusado pela esposa de violência doméstica. Ele teria agredido a mulher e a Justiça decretou medidas protetivas com base na Lei Maria da Penha.

Um ano no Uber
Katia era motorista de aplicativo há pouco mais de um ano. Ela passou a se dedicar à função após a idosa da qual era cuidadora ter falecido. Segundo relatos de familiares, a vítima costumava rodar pela Baixada Fluminense, onde morava.
– Ela evitava locais de risco e só trabalhava na Baixada, região que conhece muito bem. Ela nunca relatou temer pela segurança trabalhando como motorista, mas quando era noticiado algum caso de violência contra motorista de aplicativo, ficava assustada – contou um parente da vítima que pediu para não ser identificado.
Irmã de Katia, Kelly Cristina Nunes Bastos, de 52 anos, disse que a família só quer justiça:
— Todo dia é um caso de mulher morrendo dessa forma. Até quando? A lei tem que mudar.
De acordo com o primo da motorista, André Luiz Cardoso, de 43 anos, ela era batalhadora e independente.
— Os filhos eram tudo para ela — disse.

Sepultamento
O corpo de Katia foi enterrado na manhã de ontem, quarta-feira (9), no Cemitério da Solidão, em Belford Roxo, também na Baixada. A vítima era separada do marido e tinha dois filhos. Ambos estiveram no Instituto Médico Legal (IML) de Duque de Caxias para fazer o reconhecimento do corpo da vítima.

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