Delegado acredita na motivação política para morte de vereador

Delegado de Policia também trabalha com a possibilidade de crime por motivação politica
(Reprodução/facebook / Divulgação)

O delegado Moyses Santana, novo titular da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), afirmou que não descarta a possibilidade de crime político no assassinato do vereador de Japeri, Wendel Coelho.

Segundo ele, algumas pessoas já foram ouvidas e afirmaram que o parlamentar era pessoa querida pelos colegas e não recebeu ameaças de morte. Por isso, todas as hipóteses estão sendo investigadas. Chama a atenção o profissionalismo do autor do disparo, que, com um único tiro, no peito, matou a vítima.

– Já ouvimos o irmão do vereador, que estava no carro mas, como estava dormindo, não viu a ação. Acordou com o barulho do tiro. Ninguém viu o motoqueiro seguir a vítima, que estava vindo de Mangaratiba – comentou Moyses.

Ele disse que o motoqueiro que matou Wendel saiu de uma passarela próxima ao local do crime e o parlamentar sofreu uma emboscada. As declarações foram dadas após a posse de Moyses na DHBF.

Luto

O prefeito em exercício de Japeri, Cezar Melo, decretou luto oficial de três dias. “Nos solidarizamos com a família e pedimos a Deus que conforte o coração dos familiares, amigos e moradores”. Colegas de partido de Wendel dizem não saber qual pode ter sido a motivação do crime. “Ele era muito querido. Não estamos entendendo nada”, lamentou o vereador Alex Gonçalves (PSL).

O crime

Eleito com 729 votos para o seu primeiro mandato, o vereador Wendel foi atingido por um tiro no peito quando estava no banco do motorista de um Cobalt. O crime aconteceu às 4h50, quando ele dirigia rumo ao bairro Alecrim, acompanhado do irmão Wellerson de Lima Coelho. O veículo foi cercado por vários motociclistas e, ao passar pela Praça Olavo Bilac, um deles deu início a uma perseguição e conseguiu atingir o político.

Irmão de criação da vítima, Paulo Júnior, 23 anos, contou que o vereador chegou a falar após ser baleado. “Ele olhou para onde levou o tiro e falou com o irmão que estava junto com ele: ‘Guinho (como chamava o irmão), estou morrendo'”, contou.

Ambiente tenso

Em seu primeiro mandato, Wendell Coelho (Avante), de 26 anos, era reservado e usava pouco a tribuna da Câmara para se manifestar. Nas últimas vezes que pediu a palavra, reclamou do crescimento da violência na cidade, segundo contam seus colegas de partido.

“Ele já tinha feito várias denúncias reclamando da violência no município. O que queremos agora é uma boa apuração do crime. Ele já tinha falado também sobre o medo de ser assaltado. Precisamos saber se o assassinato teve natureza política”, cobrou Vinícius Cordeiro, presidente estadual do Avante.

Presidente municipal do Avante em Japeri e responsável por levar Wendell para a política, em 2016, o ex-vereador Edson Zanatta relembra o perfil reservado do colega. “Sempre foi de falar pouco, mas, recentemente, quando subiu na tribuna foi justamente para reclamar de violência”, comentou Zanatta.

Também vereador em Japeri, Alex Gonçalves (PSL) diz que Wendell nunca comentou sobre ameaças. “Ele estava sempre sorridente, tranquilíssimo e simples. Ia a pé para a Câmara. Estamos consternados porque ele era uma pessoa maravilhosa e muito jovem”, disse.

Outros casos

Só neste ano, foram quatro atentados foram registrados, sendo dois deles contra prefeitos. Após as eleições de outubro do ano passado, já foram sete registros. De 2018 para cá, sete políticos morreram.
Em novembro de 2018, Miguel Angelo Steffan de Souza, ex-candidato a prefeito de Seropédica, foi morto por criminosos. Alvo de ameaças, ele andava com um carro blindado. Em janeiro, o veículo de Washington Reis (MDB), prefeito de Caxias, foi atingido por tiros. Um mês depois, Wagner dos Santos Carneiro (MDB), prefeito de Belford Roxo, sofreu um atentado.

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