A inocência dos usuários de drogas

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*Miguel Lucena

Um psiquiatra abordou, em programa de rádio, o problema da Cracolândia em São Paulo, destacou o programa de redução de danos e contestou a tese da cura pela abstinência, técnica usada por grupos de ajuda mútua há muitos anos em todo o mundo, a exemplo dos Alcoólicos Anônimos.
O especialista abominou a ação policial para desobstruir a rua, sob o argumento de que os usuários são vítimas da sociedade excludente e precisam de tratamento por meio do programa de redução de danos.
Da mesma forma, repudiou a ação policial contra os pequenos e médios traficantes, classificados por ele como usuários que vendem drogas não para adquirir bens, mas apenas para manter o vício.
A Polícia, segundo o especialista, deveria investir em Inteligência para prender somente os grandes traficantes, os barões da droga, vinculados ao crime organizado.
Em essência, a tese esposada é a de que a situação fique boa para todo mundo que vive da miséria alheia, sem solução definitiva, apenas paliativa, mantendo-se a inércia do poder público.
Manter os viciados juntos na Cracolândia, para justificar o ganhão-pão de organizações não-governamentais, atenta contra a salubridade pública e o direito de ir e vir da maioria da população, porque não é razoável supor que pessoas entorpecidas por uma droga tão fulminante e pesada como o crack vão respeitar a integridade e o patrimônio de outrem.
Defendo que os usuários recebam tratamento, mas eles não têm o direito
de usar drogas em público, como ninguém tem o direito de andar nu ou fazer sexo em via pública. Há limites para tudo.
Não reprimir o tráfico cotidiano é uma senha para que os grandes contratem legiões de vendedores e jamais sejam alcançados pelas investigações. Nesse caso, melhor seria liberar a droga em geral, porque acabaria com o tráfico e cada um se destruiria por contra própria.
Culpar a sociedade pela situação em que os usuários de crack se encontram elimina a escolha que cada um fez nas encruzilhadas da vida, negando-se, assim, o livre-arbítrio de que o ser humano é dotado. O paternalismo de certas ideologias transforma seres humanos em idiotas.

*Miguel Lucena é delegado da Polícia Civil do Distrito Federal e jornalista.

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