Estelionatária homicida é presa em Belford Roxo

A misteriosa morte de um aposentado em Nova Iguaçu resultou na prisão de Idalina Maria Fernandes Lima, de 41 anos. Ela é acusada de aplicar diversos golpes desde 2010, além de ser suspeita pela autoria de seis homicídios. Idalina foi presa na última sexta-feira (29), após uma emboscada arquitetada por agentes da 54ªDP (Belford Roxo).Ela estava com o veículo de sua vítima mais recente, o aposentado Climaco Severino da Silva, de 71 anos, que morreu no início de agosto deste ano.

Segundo o filho do aposentado, o pedreiro Antônio Climaco da Silva, de 34 anos, Idalina entrou em contato com seu pai após ver o anúncio de venda da casa que Climaco havia feito. “Meu pai colocou uma casa em Corumbá a venda. Ela se mostrou interessada, mas a casa acabou sendo vendida para outra pessoa por R$15.000,00 e mais um Chevrolet Prisma preto”, contou ele. Ainda segundo Antônio, ao saber da venda do imóvel, a acusada quis comprar o veículo. “Ela e meu pai combinaram a venda do carro. Na quarta-feira (5/8), Idalina chegou com a filha na casa dele contando que havia sido assaltada e que roubaram os R$40.000,00, que seria a quantia paga pelo automóvel”,relatou o filho.

Antônio viu o pai pela última vez na quinta-feira (6/8), por volta das 7h. “Ele saiu de casa com Idalina dizendo que iria ao banco, para que ela pegasse o dinheiro do carro. Como ele não chegava, comecei a ligar. O celular dele estava desligado,então liguei para o dela. Ela dizia que meu pai não queria falar comigo”, contou. A polícia encontrou o celular de Climaco em Madureira e da conta bancária com saldo de R$15.000,00, restou apenas R$3,00.

Para Antônio, Idalina é a responsável pela morte de Climaco. “No sábado de manhã minha esposa recebeu uma ligação pedindo para falar comigo. Como não estava, ela anotou o recado: avisa pro Antônio que o pai dele ‘tá’ morto”, lembrou com tristeza o pedreiro, que ainda realizou buscas pelo pai em hospitais da região, após o telefonema. “Descobri que meu pai havia morrido na Unidade Mista de Saúde do Lote XV (Belford Roxo), na sexta-feira(7/8), às 16h20. Fui informado que ele deu entrada no hospital com Idalina, que informou no local não conhecé-lo, apenas o socorreu na rua”, contou.
A prisão

Idalina foi presa na última sexta-feira (29) após uma ação de agentes da 54ªDP (Belford Roxo). Após a morte de Climaco, a mulher se apropriou do veículo. Com o registro de ocorrência feito por Antônio, a Polícia Civil entrou em contato com a acusada solicitando seu comparecimento na unidade polícial para prestar esclarecimentos. “Atraímos ela até aqui alegando que era para falar sobre o carro. Ela chegou contando a história que havia sido assaltada no dia da compra, mas que no dia seguinte fechou negócio com a vítima. Apresentou até um documento com firma reconhecida. Após confirmar dados, informei que estava presa por estelionato. Ainda estamos esperando o laudo médico para confirmar a acusação do homicídio de Climaco”, disse o delegado da 54ªDP Luiz Henrique Ferreira Guimarães.

Viúva Negra da Baixada

De acordo com as averiguações da Polícia Civil, Idalina Maria Fernandes aplicava o golpe com a intenção de ficar com dinheiro, herdar benefícios e bens. “Ela se envolvia amorosamente com as vítimas. De nove homens com quem teve relacionamento, seis morreram e ela recebeu algum benefício, como seguro de vida, pensão, imóveis ou acesso a conta bancária”,contou o delegado Luiz Henrique . Ainda segundo o delegado titular da 54ªDP, nenhuma das seis vítimas apresentava quadro anterior de doenças. “Nossas investigações mostram que algumas das vítimas apresentavam Edema de Pulmão como causa da morte, mesmo não tendo histórico de doenças. Tudo indica que ela usa meio insidioso para cometer as mortes, o que torna o crime dela hediondo”, complementou.

As apurações mostram também que Idalina se amparava na lei ao se sentir ameaçada. “Ela articula tudo. Quando é pressionada, como foi por Antônio, ela utiliza a máquina publica a favor dela. Se faz de vítima e procura órgãos de defesa fazendo uma confusão. O filho do Climaco a pressionou para saber sobre a morte do pai dele e ela fez um registro de ameaça na DEAM. Ela é uma artista do mau. Além de estelionatária, ela é assassina”, finalizou Luiz Henrique.

Histórico de crimes

O primeiro registro contra Idalina foi feito em outubro de 2010 por um ex-companheiro na 58ªDP (Posse). Segundo dados da ocorrência, a estelionatária estava passando cheques em nome do ex-companheiro para agiotas. Idalina havia furtado 15 folhas de um talão, que foram usadas para comprar um Siena.

Em maio de 2014, Idalina fez registro de ameaça contra Francisco José Fontes Machado, de 52 anos, outro ex-companheiro e uma possível vítima fatal da acusada.Francisco faleceu na ocasião, após um desentendimento com a esposa,que não quis se identificar, e sair da residencia em Oswaldo Cruz, na Zona Norte do Rio, dizendo que iria passar uns dias na casa de praia do casal, em Saquarema. “Recebi um telefonema, que acredito ser de Idalina desejando condolências. Ela enterrou meu marido com documentos falsos”, contou a viúva de Francisco. “O que estou estranhando é meu marido ter ido para Saquarema e ter morrido no Hospital da Posse, em Nova Iguaçu”, disse.

Ainda segundo a viúva, Idalina afirmou que tinha união estável com Francisco. “Além de dizer que eu e meu marido estávamos separados, Idalina garante que tinha uma união estável e começou a fazer compras em nome de Francisco”, contou. De acordo com a viúva da vítima, Idalina havia se apropriado da casa do casal em Saquarema e comprado um carro zero em nome do Francisco. “Meu marido era deficiente físico, pela lei, um carro zero sai mais barato para ele. Ela comprou um veículo, que ainda está desaparecido, em nome dele e colocou nossa casa de praia a venda”, disse. “Idalina tentou dar entrada no INSS para receber pensão em nome de Francisco, porém o pedido foi recusado. A viúva de Francisco está lutando na justiça com processo de reintegração de posse para recuperar a propriedade de Saquarema. A causa da morte de Francisco também foi Edema no Pulmão”, destacou o advogado da viúva, Emídio Marques.

Por: Gabriele Souza (Gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)